linharesProjeto Especial Verão - 5º Dia

  • Amanheceu como era habitual, um dia claro e soalheiro. Não tão quente como em castelo branco. A beleza da manhã refletia-se encosta acima até morrer no horizonte.
  • Já depois de tomarmos o pequeno-almoço, e com as malas a porta, ordeiramente deixamos o hotel e dirigimo-nos ao autocarro que nos ia levar de volta ao nosso lar.
  • Deixamos para trás a malha urbana da Covilhã e partimos em direção a penhas da saúde. Faz parte do município da Covilhã. Esta aldeia de montanha está localizada no coração da serra da estrela, agraciada com um belo cenário montanhoso, a uma altitude de 1.500 metros. É principalmente um resort de inverno atualmente.
  • Penhas da saúde ficaram enriquecidas com mais um empreendimento, o novo Hotel Serra da Estrela, que se junta aos chalés de montanha e uma pousada da juventude, e um pouco abaixo da localidade e mais próximo do centro da cidade, situa-se a estalagem varanda dos Carquejais. Esta ultima já conhecida do nosso "comandante".
  • Chegamos a torre. É o ponto de maior altitude da serra da estrela e também de Portugal continental. A torre tem a característica incomum de ser um topo acessível por uma estrada pavimentada, no fim da qual há uma rotunda com um monumento simbólico da torre existindo também um marco geodésico.
  • Uma das etapas rainhas da volita a Portugal em bicicleta é a ascensão à torre, muito difícil mesmo.
  • Quando chegamos cá cima após viagem da Covilhã, era significativa a diferença de temperatura, muito mais fresca.
  • Toda esta formação rochosa onde os nossos pés assentam faz parte da mais vasta cordilheira denominado sistema central, no subsistema designado como sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
  • Há uma raça de cães de guarda, o cão da serra da estrela que se enquadra no tipo molosso tal como o seu parente são-bernardo. Ambos se encontram ligados ao tradicional pastoreio da ovelha bordalesa da serra da estrela.
  • Há uma desertificação humana que vai acontecendo e que tem levado ao abandono das práticas tradicionais. Esse drama do despovoamento humano encontra-se fielmente retratado no filme ainda há pastores (2006) de Jorge Pelicano, filme que o andar já teve a oportunidade de promovê-lo diante dos participantes das caminhadas.
  • A lagoa, de 2500 metros de comprimento, fica inserida no parque nacional da serra da estrela, próxima de outras lagoas: lagoa escura, lagoa seca e lagoa redonda
  • As águas da lagoa comprida são encaminhadas para a senhora do desterro. Central de produção de energia pertence atualmente à EDP produção.
  • Para nós a lagoa comprida vai ficar marcada pela história do Luisito. Queria um cão que estava a venda numa dessas lojas de comércio que estão encostadas a barragem. Este chorava que queria um cão daqueles; como criança não entende algumas das consequências que dali advêm. A mãe comprou-lhe um cão de peluche. Foi a alegria dele e de outros participantes no autocarro.
  • Começamos a descer em direção ao sabugueiro, que é uma das mais extensas freguesias de todo o parque natural da serra da estrela.
  • O sabugueiro oferece paisagens vislumbrastes e locais pitorescos de curiosidades múltiplas. Quem sabe se numa próxima caminhada não será por um destes locais?
  • Continuamos o nosso percurso para Seia. A primitiva ocupação humana do local da atual Seia remonta à época pré-romana, quando da fundação de uma povoação pelos túrdulos, por volta do século IV a.c., denominada como senna.
  • Depois da história vem a fome. Ao chegar a Seia cada qual procurou um poiso onde almoçar. Confesso que almocei bem e em boa companhia. Findo o tradicional café, saímos para regressar um pouco atrás para visitarmos o museu do pão; visita que já estava no programa. Chegamos e tivemos uma calorosa receção; pudera ao preço que cobram as entradas.
  • O museu do pão é uma infraestrutura recente, que se encontra no município de Seia. O museu do pão é um complexo museológico privado onde se exibem e preservam as tradições, história e arte do pão português. Através de quatro salas expositivas e de vários outros espaços do complexo museológico, poderá conhecer os antigos saberes e sabores da terra portuguesa.
  • Neste museu fala-se de pão, de todos os tipos e feitios, ao longo da história. Aprende-se de uma forma infantil alguma história e com o passar da visita o assunto fica mais serio. A origem da palavra pão é do latim pane.
  • No museu há ainda os utensílios que eram usados no passado, desde a plantação até chegar a nossa mesa. O diferente tipo de pessoas que davam vida ao pão, até ao vendedor de pão que andava de bicicleta porta a porta a vender pão. Há ainda a salientar os tempos conturbados que os portugueses passaram.
  • Bom, foi uma boa aula. Quando chegamos ao fim da visita; cansados, mas satisfeitos.
  • Uma vez mais deixamos para trás uma localidade cheia de história, para nos lançarmos a descoberta de outra. Desta vez a história desenrola-se em Linhares da beira.
  • Da estrada que dá acesso a Linhares, pode complementar-se a maravilhosa paisagem. Empoleirado no alto, as muralhas rasgam o céu com a característica cor do granito; para se perder no verde da paisagem que corre encosta acima. A paisagem é multifacetada, onde os solos são muito férteis e há água em abundância, tudo é muito verde. As clareiras abrem-se no meio da floresta, de tal modo que o permitiram o avanço progressivo dos arbustos. Olhando mais o horizonte em direção da serra, o relevo vai-se acentuado. Manchas de pinheiro bravo misturado com o carvalho negral vão descendo a encosta, para darem lugar ao castanheiro, à oliveira e às vinhas; culturas arvenses a par com fruteiras abundantes e milheirais verdes, substituídos no outono por prados cultivados.
  • Chegamos a Linhares, também conhecida por Linhares da beira, é uma freguesia hoje do concelho de Celorico da Beira, e está incluída no programa das aldeias históricas.
  • É mais uma das vítimas da evolução dos tempos. Juntamente com as que nestes dias temos vindo a visitar, hoje, não passa, de uma aldeia com um castelo, que até esta bem conservado.
  • O elemento mais significativo a vista desarmada é o castelo. Implantado num cabeço rochoso a cerca de 820 metros de altitude e dominando o vale do Mondego, constituiu o núcleo gerador do aglomerado. Aos seus pés estendeu-se a povoação que cresceu tendo como linha mestra a antiga estrada deixada pelos romanos. A povoação cresceu com base numa organização militar. O sistema militar foi entregue a um alcaide que disponha de uma pequena guarnição militar pronta para o que desse e viesse.
  • As ruas estreitas de perfil sinuoso ou travessas que recortam as casas, umas e outras ponteadas aqui e ali por escadas. A mancha construída, compacta e densa, foi feita de habitações erguidas em parcelas pouco profundas e com as frentes alinhadas tanto quanto possível para a via principal.
  • A comunidade judaica, minoria étnica e religiosa obrigada a viver apartada da comunidade cristã, no bairro ou judiaria.
  • A bordejar a vila pela periferia, onde podem beneficiar de maior espaço livre, emergem naturalmente as casas nobres: são os solares.
  • E o primeiro contacto com a vila era feito através do largo da misericórdia, aqui termina a calçada antiga e daqui parte a artéria principal, que penetra o aglomerado, e segue em direção ao largo que envolve o castelo.
  • Do mesmo modo que os almocreves, subiam com as mulas carregadas em direção ao largo do castelo, muitos séculos depois, o grupo do andar fez o mesmo.
  • Época manuelina, é sem dúvida uma época rica. A grande epopeia dos descobrimentos e a chegada de novas riquezas, leva a uma manifestação de ostentação, que por sua vez é transmitido a arquitetura. É também neste período que Linhares economicamente.
  • Chegamos ao castelo. O orgulho de Linhares. Nascido sobre um bloco de granito de forma irregular.
  • A estrutura fortificada medieval servia para reorganizar militar e administrativamente o território incorporado no recente reino português. Era o primeiro passo para se criar condições para o povoamento, à medida que as conquistas iam acontecendo e se progredia na reconquista.
  • Com uma muralha natural que era a serra da estrela, só restava defender o vale do Mondego contra o inimigo.
  • Depois de entramos no castelo há uma imagem muito irregular. As muralhas, que assentam nos maciços rochosos, adaptam-se ao terreno e descrevem um complexo circuito pontuado por linhas curvas e retas, criando-se assim eficazes ângulos de tiro e vigia a partir do adarve, ou o caminho que percorre a muralha.
  • Há dois recintos distintos. Um primeiro, após entrar na porta principal, espaço fechado definido pela cerca em pedra e ao qual se acede por portas, três no total. O outro recinto de maior perímetro só tem acesso através de uma porta que se localiza no recinto menor. Este corresponderia à alcáçova: dividido por um pano de muralha e assegurado à comunicação ao exterior por essa porta que vem do recinto menor. Esta zona caracteriza-se por ser de natureza estritamente militar.
  • O pelourinho manuelino, que assinalava um dos poderes consignados no foral: o exercício da justiça. Aqui eram também aplicados, à frente de todos, os castigos corporais ditados pelo juiz aos infratores das leis do concelho, prática caída em desuso pelo século XIV. Como já disse, a rude coluna medieval ressurge investida de outra simbólica e por isso objeto de aplicado trabalho artístico.
  • No mesmo largo também se encontra a casa da câmara, outro símbolo do poder. Como é hábito neste tipo de casas, o piso térreo era ocupado pela cadeia.
  • Já se avistava o autocarro e a nossa esquerda estava um magnifico solar: solar da família Corte Real. Em estilo barroco, a imponente frontaria do edifício fica voltada para a igreja da misericórdia. Muito ao estilo dos solares barrocos da época.
  • Hoje integra o Inatel Linhares da Beira Hotel juntamente com o solar Brandão de Melo. Ambos os solares eceberam obras de beneficiação de forma exemplar, foram totalmente remodelados e dotados com o conforto da atual unidade hoteleira.
  • O povo fez daquele antiquíssimo monumento, a residência de dona Lôpa, que era servida pelo demónio, por isso na fachada principal podem-se observar duas gárgulas, que são identificadas com o diabo e a cabra. Diz a tradição que dona Lôpa só foi salva dessa submissão maléfica por intercessão de santo António. A uma estátua dele a entrada da porta principal.
  • Chegamos perto do autocarro. E antes de partimos, há ainda tempo para conhecer um pouco do grande fenómeno que atrai milhares de pessoas a Linhares da beira além, é claro de ser uma aldeia histórica: o parapente. Desporto aventura, encontra aqui, as melhores condições para a sua prática. Não é de qualquer forma que chamam a Linhares "capital do parapente".
  • Ainda tínhamos uma hora para chegar ao nosso próximo local: o restaurante o sacristão.
  • A caminho de casa fica o restaurante. Em Campia, concelho de Vouzela.
  • Um restaurante que sabe cozinhar um bom bacalhau.
  • Para a mesa veio um bacalhau assado (posta alta) com acompanhamento de batatas ao murro, bem regado com azeite de grande qualidade e alho qb (nada bate a comida caseira e os verdadeiros produtos da terra), bem acompanhado por um bom vinho.
  • Estamos perante uma casa familiar, que apresenta um serviço simpático e agradável. A casa estava cheia e isso dificultou o atendimento, principalmente se atendermos que o motorista tinha um horário a cumprir.
  • Tudo decorreu em amena cavaqueira e por vezes as conversas soavam a algo confuso. Tirando o que correu mal, ainda sobrou uma boa dose do que correu bem.
  • A escuridão já nos envolvia, quando era horas de nos fazermos a estrada, para um regresso ao lar doce lar.
  • Chegamos a casa já a noite ia avançada. Cansados mas satisfeitos pelos 5 dias que passamos. As aldeias que visitamos. Hoje, passado alguns dias posso fazer uma análise mais demorada. De Vila Velha do Ródão até Linhares da Beira, houve um pouco de tudo. Foram momentos de cansaço e de suor que se misturaram em doses ao gosto de cada um.
  • Espero voltar a faze-lo uma vez mais, com este grupo ou com outro. Quem sabe se num país perto de nós.
  • Espero pelo próximo.
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