fossilpenhagarciaProjeto Especial Verão - 3º Dia

  • Era domingo. Deixamos o hotel de Castelo Branco e partimos, planície fora. Na Beira Baixa, a poucos quilómetros de Espanha, fica uma povoação típica que espraia-se pela encosta da serra. Penha Garcia fica na encosta da Serra com o mesmo nome, na margem direita do Rio Pônsul. No sopé da mesma detivemo-nos diante de uma queijaria tradicional, para uma visita a fábrica do queijo
  • Uma terra plena de lendas e tradições, com todo o encanto da Beira Baixa. A vista deslumbrante que rodeia a vila, é um motivo de admiração. A quantidade de visitantes que Penha Garcia recebe diariamente, afirma que o local é mais do que beleza. Penha Garcia, tem hoje a seus pés um marco da evolução da vida na terra, e isso deu-lhe o estatuto de Parque Icnológico de Penha Garcia. lcnológico? Que tem de especial Penha Garcia?
  • São marcas feitas por organismos do passado, de há centenas de milhões de anos, portanto, são fósseis. Ora, os vestígios fósseis resultantes da atividade de organismos são os icnofósseis. A qualidade, a quantidade e a diversidade dos icnofósseis permitem a reconstituição dos ecossistemas marinhos, que existiram nessa altura da história da Terra. Penha Garcia é reconhecida a nível internacional por causa dos seus icnofósseis, principalmente as Cruziana, que são marcas produzidas por Trilobites.
  • O que nos levou a Penha Garcia nesse dia foi, o trilho pedestre PR3 — Rota dos Fósseis.
  • A ocupação humana do território foi, desde há muito tempo, condicionada pelas formas do relevo e pela natureza das rochas locais. A área do concelho de Idanha-a-Nova tem como característica morfológica ser muito aplanada, com raras colinas e montes. Por esta razão, foi ao longo dos tempos um território, na Beira Baixa, muito difícil de defender. Os sítios mais elevados e constituídos por rochas resistentes, com rios e outras fontes de água nas proximidades, eram geralmente os mais escolhidos. A partir destes pontos estratégicos cresciam em redor os povoados. As suas origens perdem-se no tempo. Existem na área de Penha Garcia achados arqueológicos que comprovam as ocupações por diversos povos ao longo do tempo. Os primeiros habitantes da área de Penha Garcia parecem ter usado as grutas e os abrigos existentes nas rochas quartzíticas, nas vertentes escarpadas do vale do rio Pônsul. Terá sido um dos motivos da fixação neste lugar de um povoado neolítico, mais tarde transformado num castro lusitano e, depois, as construções militares iniciais foram depois aproveitadas pelos Romanos, tendo estes aumentado e reforçadas as defesas naturais do local e transformado este numa povoação romana.
  • Os cavaleiros do templo, também eles responsáveis por manter a segurança e defesa do território, são agraciados com doações e castelos. Dos locais por nós já percorridos ou visitados temos: Vila Velha de Ródão, castelo e comenda; Salvaterra do Extremo, castelo e comenda; Idanha-a-Velha, castelo e comenda; Penha Garcia, castelo e comenda; Castelo Branco e Tomar foram sedes da Ordem do Templo. Todos estes lugares foram pertença da Ordem e com a sua extinção passou para a Ordem de Cristo.
  • As dificuldades no povoamento eram muitas. Em 1431 D. João I, a pedido do infante D. Henrique seu filho, transformou o lugar de Penha Garcia em Couto para doze homens homiziados (Que se encontram foragidos da justiça). O motivo alegado era o facto de a localidade se encontrar muito despovoada. Os Coutos de homiziados eram terras fronteiriças concedidas a delinquentes, exceto aos que tivessem cometido crime de traição, com a finalidade de aumentar o povoamento nas localidades mais devastadas pela guerra Os homiziados ao permanecer entre 5 a 20 anos no lugar do couto, dependendo da gravidade da pena que tinham de cumprir, obtinham o perdão incondicional da mesma.
  • Naquele dia não íamos visitar num foragido, apenas fazer a rota dos fosseis.
  • O nosso trilho começa na zona urbana da aldeia e permite-nos observar e comparar os tipos de rochas usadas na arquitetura tradicional, religiosa, civil e militar.
  • As casas eram cobertas por telhas de canudo, poucas possuíam chaminé, pois o fumo saia pelo vão das mesmas, dado que as cozinhas não eram forradas. A maioria das casas da aldeia foi construída para fins utilitários, tais como as atividades agrícola e pecuária, e não para o conforto dos seus ocupantes. Tinham um piso de rés-do-chão, com porta e janela ou uma simples porta.
  • A cozinha era a principal divisão da casa que servia para tomar as refeições e passar a maior parte do tempo livre, em especial, os serões.
  • Serpenteando um pouco mais o casario chegamos ao centro da aldeia onde permanece o Pelourinho, datado do reinado de D. Sebastião. Aproveitando a oportunidade deste fizemos questão de tirar uma foto de grupo, fragmentado, uma vez que alguns já se tinham embrenhado pelas ruelas da aldeia ou penetrado em alguma das muitas casas de comércio ali existente.
  • Continuamos a subir e a meio da encosta aos pés do castelo fica a Igreja Matriz, mantém alguns elementos de uma estrutura anterior, com especial destaque para a grande pia batismal que se encontra no adro. Daqui a vista é deslumbrante sobre o vale do rio Pônsul. É daqui que parte o PR3. Para nós era um ponto de passagem e de admiração sobre o que nos rodeava.
  • Continuamos encosta a cima e contornamos o acesso ao castelo. Entramos agora numa calçada lajeada de xisto, que nos ia levar a barragem e ao vale.
  • Ao percorrer estes caminhos, senti um arrepiozinho na espinha ao perceber logo pelo caminho que a meus pés gravados na pedra estavam milhões de anos de história.
  • Há nesta parte do vale, um sem número de construções ao longo do rio são os moinhos azenha.
  • A manhã estava quente. De antemão fomos preparados para tomar banho no Rio Pônsul. Para além dos penhagarcienses que regressam nas férias de verão a sua aldeia, usufruindo da Piscina do açude do Pego, sabe bem a quem percorre a Rota dos Fosseis, nesta época do ano, fazer uma paragem para tomar um banho refrescante antes de percorrer o restante trilho de regresso a aldeia. O local atraia muita gente, e é claro que nós estávamos incluídos. Confesso que me custou imenso a entrar naquela água gelada. Depois foi gozar o momento e entrar na brincadeira com os demais elementos do grupo. Existe uma cascata artificial a debitar agua (que circula através de levadas) para a piscina, e é um encanto ficar debaixo dela. Sentir a agua cair sobre mim e ter dificuldade ao respirar. A água parecia mais quente, ou era só impressão minha. Sobre a água estavam duas réplicas flutuantes gigantes de dois seres vivos que existiram a milhares de anos e que nos deixaram o seu legado nas paredes rochosas de Penha Garcia. É caso para dizer que já nadei com uma Trilobite e um outro ser desconhecido.
  • Todo este espaço de tempo foi fantástico. Era hora de regressar ao nosso trilho e ir visitar os locais e fosseis que dá o nome a este trilho: Icnofósseis de Penha Garcia – as cobras pintadas como lhe chamam o povo.
  • Se o homem deixou a sua marca em Penha Garcia, o mesmo se pode dizer da natureza. Um dos maiores tesouros da povoação encontra-se nas rochas quartzíticas com 490 milhões de anos. A essas marcas, que ficaram preservadas nas rochas sedimentares e são visíveis ainda hoje em Penha Garcia, o povo chama as cobras pintadas e os cientistas icnofósseis. Diante de uma das rochas mais procuradas pelos visitantes, podemos ver marcas gravadas na rocha. São restos e vestígios da atividade de seres vivos que viveram no passado e ficaram preservados em rochas contemporâneas dos mesmos. As rochas mais propícias a conter fósseis são as de natureza sedimentar que se formaram nos ambientes em que viveram os referidos seres vivos
  • Dado que chegámos tarde para podermos observar as trilobites no seu ambiente natural, resta-nos procurar esses lugares e estudar com atenção os segredos que podem revelar-nos sobre os mares primitivos onde elas reinavam. Curiosamente, apesar de estarmos a falar de animais marinhos, as principais jazidas fossilíferas portuguesas do Paleozoico localizam-se longe do mar, algumas a centenas de quilómetros do oceano. Isto explica-se porque esses lugares, terrestres na atualidade, estiveram submersos pelas águas costeiras e fizeram parte do fundo marinho onde se formaram as rochas que atualmente podemos contemplar à superfície e que guardam nos seus estratos valiosos tesouros: os fósseis de trilobites e de muitos outros habitantes dos mares paleozoicos.
  • Naquele momento a nossa intenção era viajar pelo magnífico canhão fluvial do rio Pônsul, em Penha Garcia, descobrir, nas fragas quartzíticas, as famosas “cobras pintadas”, que fazem parte da memória coletiva local desde tempos imemoriais. Neste lugar recôndito, a mais de 160 quilómetros do oceano, considerado como uma das mais importantes jazidas paleontológicas do Paleozoico português, os fósseis esqueléticos (somatofósseis) são muito raros, pelo que os icnofósseis, são tudo o que resta dos habitantes dos mares primitivos. Para percebermos a sua formação, torna-se fundamental regressar ao passado e imaginarmos uma trilobite a alimentar-se de matéria orgânica contida nos sedimentos, escavando e revolvendo o fundo marinho e deixando atrás de si rastos bem delimitados, que são o resultado da escavação do substrato por ação dos apêndices locomotores.
  • Em Penha Garcia, as pistas cruzianas são salientadas pela sua particular diversidade, pelas dimensões ímpares atingidas por algumas estruturas e pela preservação delicada, muito perfeita e rara, aspetos que tornam este geo­monumento um parque icnológico único a nível nacional e singular no contexto mundial. Estão de tal modo fossilizadas que em determinados momentos do dia, com luz rasante, é possível observar até as mais delicadas marcas dos apêndices locomotores das trilobites que os produziram. Assim, não é de estranhar que alguns dos exemplares de Cruziana encontrados nestas paragens figurem entre os icnofósseis mais bem preservados que se conhecem a nível mundial. Em resultado da tectónica e da erosão fluvial, obtém-se em Penha Garcia uma montra invulgar de grandes lajes com inúmeros icnofósseis.
  • Agora estou no castelo, de onde posso apreciar uma paisagem inesquecível, com vista privilegiada sobre o profundo recorte do vale do Pônsul. A originalidade do castelo, empoleirado no cimo da penha, dá-lhe uma posição privilegiada de defesa. Há marcas que a natureza e a história deixaram neste lugar juntamente com as lendas. Com o tempo esta edificação militar foi-se degradando e restam apenas fragmentos de muralhas bem conservados.
  • Como já disse atrás, o castelo de Penha Garcia foi castelo e comenda da Ordem do Templo. Como é normal nesta ordem os seus castelos tinham a função de proteger e estar preparados para o que desse e viesse.
  • Vale a pena subir ao cimo da penha para percorrer as imponentes muralhas e observar a magnífica paisagem que rodeia a povoação. As pedras contam-nos segredos que só quem tem o coração puro ouve. Eu confesso que não ouvi nada.
  • Deixamos para trás o casario e junto à entrada da povoação almoçamos. É curioso pelo menos para mim, já tinha fotografado e eu próprio tinha sido fotografado como memória futura em cima de um carro de combate. O que fazia aquele elemento ali? Estava fora do contexto a presença do “tanque de guerra” numa aldeia conhecida pelo seu património natural e histórico-cultural. Pelo menos para mim. Descobri que o carro está lá há 30 anos. O Tanque de guerra evoca o 25 de abril e os combatentes de Penha Garcia que tombaram em defesa de Portugal na Guerra do Ultramar. Neste mesmo largo existe, uma escultura que representa uma mulher a tocar Adufe, e debaixo uma frase da autoria de Catarina Chitas. Mas quem é Catarina? Ti Chitas como aqui era conhecida, era natural de Penha Garcia. Catarina, será para sempre a Ti Chitas. A pastora. A tocadora de Adufe, que conquistou o mundo sem sair do seu lugar.
  • Deixamos as terras de Penha Garcia, a caminho de mais uma aldeia histórica: Monsanto. No horizonte já se avista o inselberg de Monsanto.
  • Por muito que se diga que o tempo tudo apaga, há memórias com as quais não é fácil lidar.
  • Deixamos para trás Penha Garcia e entramos na planura da beira Baixa como ali lhe chamam. Surge ao longe empoleirada numa encosta granítica, à aldeia de Monsanto. Exibe-se, airosa, na íngreme colina. As casas apertadas crescem entre enormes penedos, com minúsculos quintais e hortas separados por muros de pedra e ladeiras talhadas na rocha viva e que se fundem com ela. Faz-se difícil, não é para menos: afinal, trata-se da aldeia mais portuguesa de Portugal, aquela que arrebatou a vitória do concurso promovido, em 1938, pelo Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo. Ser, a mais característica povoação do país, a menos "penetrada pela civilização dos outros", valeu-lhe o Galo de Prata, troféu cuja réplica permanece até hoje no cimo da Torre do Relógio ou de Lucano, um dos seus mais conhecidos monumentos.
  • Monsanto, avista-se na encosta escarpada, designada de o Cabeço de Monsanto (Mons Sanctus). Terra de rara beleza, onde o granito e a força humana desempenham o papel principal, "Monte Santo" é o carismático baluarte da fronteira do Erges, tão valoroso que se dizia que "Quem conquista Monsanto, conquista o mundo". Do seu passado prevalecem curiosas lendas e narrativas ligadas a invasões e assaltos à povoação.
  • Passados estes anos todos, Monsanto conserva muita da beleza de outrora. Labiríntico mas acolhedor, este é um lugar que vale realmente a pena conhecer. Para conhece-la é necessário percorre-la a pé.
  • É, um ótimo destino para um fim de semana diferente (romântico), especialmente durante o inverno, quando o frio aperta e o cheiro a lenha se propaga por toda a aldeia.
  • Numa feliz simbiose, a aldeia de Monsanto dissemina-se e confunde-se na fantástica arquitetura natural do inselberg (nome pelo qual os geólogos o classificam). Desde sempre a população foi convivendo de perto com as imensas geoformas graníticas, aproveitando-os ou resignando-se ao espaço entre estes deixado pela erosão. De tal forma que, nalguns casos, lhes foi atribuindo nome e significado. Onde cada pedra tem uma história para contar.
  • Seguir as setas que indicam o caminho e é só subir. Durante o percurso, podemos contemplar os enormes pedregulhos que ornamentam as bermas embora alguns pareçam estar em equilíbrio precário e tememos que se despenhem no momento exato em que vamos a passar por eles. Mesmo assim aproveitamos para tirar fotos junto deles ou debaixo deles. É importante este trajeto e deu origem a Rota dos Barrocais, que é traçada pelo caos blocos do inselberg de Monsanto, permitindo não só a passagem por pontos estratégicos de leitura da paisagem como também acompanhar trilhos que atravessam o barrocal e onde estão dispostas variadíssimas geoformas graníticas.
  • Ao longo dos tempos, os habitantes de Monsanto foram convivendo lado a lado com as rochas expostas pela erosão, atraídos que foram pela condição defensiva estratégica e pela abundância de água. Elas são uma constante nas imediações da aldeia mas também pelas suas ruas, no meio das casas, a servir de telhado. Deste modo, as pessoas começaram por se associar a elas no século XII, aquando da construção do castelo cujas muralhas combinam paredes e blocos graníticos. Os Monsantinos aproveitaram engenhosamente e harmoniosamente as formas graníticas da sua paisagem, aproveitando os enormes blocos in situ como telhado, paredes e chão das suas casas e inclusive para servirem de pano de muralha do castelo roqueiro.
  • Prosseguimos por um constante e vertiginoso ziguezague em que as ruas estreitas deixam-nos antever deslumbrantes obras de arquitetura natural. A difícil subida até ao castelo é largamente compensada por um dos mais deslumbrantes miradouros da região.
  • O castelo é um dos mais impressionantes vestígios da arquitetura militar medieval. O castelo ergue-se no topo de una imponente escarpa de granito a 758 m de altitude que cai quase a pique para o lado sueste Visto da Ermida de São Pedro de Vir-a-Corça situada na veiga cá em baixo parece uma construção saída de um conto do Graal. Alias, e esta configuração do monte que lhe deve ter dado um estatuto sagrado, por ter ficado conhecido como Monsanto (monte Santo), de resto na sequência de um assalto pelo pretor romano Lucio Emilio Paulo a uma povoação proto-histórica ali situada, o que não pode, todavia, ser comprovado. Nessa altura era já designado por Mons Sanctus.
  • O campo santo em redor da igreja é percetível pelas treze sepulturas antropomórficas escavadas na rocha que ali se encontram. A torre sineira implanta-se num rochedo, com duas ventanas de arco de volta perfeita.
  • Do alto das muralhas do castelo temos uma fantástica vista sobre o manto do casario que cresce a nossos pés. Depois de deixarmos o castelo. Pelo caminho encontramos uma Gruta e, junto o Forno Comunitário. Mais a frente um miradouro natural da campina e do casario de Monsanto que se estende pela encosta. Para ver ainda a "Casa de Uma Só Telha" com uma particularidade: a cobertura é uma rocha granítica. Devido às características da região era frequente fazer-se este tipo de aproveitamento
  • O certo seria termos todo o tempo para nos perdermos diante de cada recanto, ou monumento. Deste modo podíamos ver sentir ou cheirar como fazem os monsantinos. Perdermos o tempo ouvindo histórias deste paraíso perdido ou entrar numa por uma porta e desencantar um mundo de mistério e magia.
  • Saímos dali e fomos para Castelo Novo
  • O autocarro ficou no estacionamento sobranceiro a aldeia, junto as instalações da água do alardo.
  • Aqui, as encostas da Serra da Gardunha formam como que uma concha que abriga a aldeia. Varias pequenas linhas de águas alimentam a ribeira de Alpreade que corre no fundo do vale. Entre elas que têm origem junto à nascente da Água do Alardo, no limite superior da aldeia. Daqui o visitante é convidado a percorrer a aldeia a pé, embrenhar-se nas ruelas e serpentear por entre o seu casario e descobrir um passado rico em histórias, lendas e misticismo.
  • A existência da povoação aparece comprovada documentalmente desde os primeiros tempos da Nacionalidade.
  • O topónimo Castelo Novo, em substituição do anterior, é citado pela primeira vez em 1208, no testamento de Guterres, pelo qual ele doa a "terra a que chamam Castelo Novo" aos Templários
  • O castelo situado na encosta oriental da Serra da Gardunha, foi talvez o facto de esta infraestrutura não pertencer à primeira linha de defesa raiana que suscitou a sua primeira desvalorização estratégica com o decorrente abandono enquanto estrutura militar.
  • Por sua vez este lugar terá, pelo menos, já testemunhado a presença da Ordem dos Templários, razão pela qual alguns autores atribuem a sua edificação ao Mestre da Ordem, D. Gualdim Pais, sob o reinado de D. Sancho I. Neste último período esta fortaleza pode ter sido, aí sim, seguramente, referenciada como uma infraestrutura defensiva estratégica.
  • Este exemplar de fundação medieval e de arquitetura em estilo gótico e manuelino, cuja origem pode ter estado associada ainda à nossa primeira dinastia, designadamente o dito castelo “novo”, será, hipoteticamente, o resultado da decisão, de D. Dinis que determinou reforçar as suas defesas, hipótese que se fundamenta na constatação de vestígios de adarves e ameias dionisíacas em um troço das muralhas.
  • Na cota de 640 a 650 metros acima do nível do mar, o castelo apresenta planta irregular orgânica no sentido longitudinal. Em termos de topografia a fortaleza ocupa estoicamente um cume formado quase exclusivamente por chão de rocha, desenhando ela mesma uma espécie de ilha em forma redonda, mas irregular.
  • Em seus muros rasgam-se duas portas, a Leste e a Oeste, acreditando-se que exista uma terceira, ainda oculta por alguma edificação mais recente no troço Norte. No troço Oeste encontram-se adarves, ameias e merlões em bom estado de conservação.
  • O portão principal, a Oeste, em arco apontado, de cantaria de granito, é guarnecido por duas torres. Uma delas no formato de um cubelo dispõe os matacães sobre a entrada. A porta a leste, em arco de volta perfeita, também é em cantaria de granito.
  • Na Praça de Armas, erguem-se a torre sineira e a Torre de Menagem, ambas de planta quadrada e sem construções adossadas A Torre de Menagem apresenta ruína no topo, podendo-se inferir a sua primitiva altura pela existência de gárgulas remanescentes na face leste.
  • Pelourinho séc. XVI, símbolo do poder, e dos seus tempos de concelho. Assenta numa plataforma de seis degraus octogonais com rebordo. Este encontrar-se na frente da antiga Casa da Câmara séc. XIII ou XVI.
  • Não muito longe dali fica a Igreja Matriz séc. XVIII (estilo barroco), também conhecida como Igreja de Nª Sr.ª da Graça, padroeira de Castelo Novo.
  • Junto as muralhas, próximo da torre sineira fica a de Capela de Santo António de Castelo Novo: de construção medieval.
  • O património civil também é rico. Por toda a aldeia existem Janelas manuelinas séc. XVI. Existem vários exemplares com decorações mais ou menos elaborados.
  • A aldeia é também conhecida pela boa água. Dai ter a Quinta do Alardo.
  • Por isso, na aldeia, há sempre o murmúrio da água que corre apressada ou o sussurro permanente da água que cai das bicas das fontes.
  • Há outros vestígios de um passado romano: a Calçada romana. A aldeia é atravessada por uma via, em calçada, referenciada como de origem romana.
  • Como todas as aldeias comia-se e bebia-se. Nesta aldeia há vestígios de uma Lagariça ou Lagareta. Construção de difícil datação, é, no entanto, de indubitável antiguidade.
  • Aqui, sentimos algo de fascinante, que nos envolve e harmoniza. Tudo nos inspira e cativa. Desde os sons das águas que brotam das fontes, ao granito perpetuado que ergue a aldeia, e talha o casario, os templos, as calçadas, as praças.
  • Depois de deixarmos a povoação de Castelo Novo, seguimos em direção a Cidade da Covilha, que é um dos centros urbanos de maior relevo da região e está situada na vertente sudeste da Serra da Estrela, e é porta da Serra da Estrela. O seu núcleo urbano estende-se entre os 450 e os 800 m de altitude.
  • Antes de conhecermos mais em profundidade a cidade, temos que conhecer o Hotel onde vamos passar a noite. Na entrada da cidade, bem perto do centro, fica o TRYP Covilhã Dona Maria Hotel. Quanto as instalações não têm nada a apontar. Além disso, o TRYP tem um Spa com piscina climatizada, hidromassagem, sauna, banho turco, academia, massagens e tratamentos de beleza. Isso é verdade e eu pode comprovar juntamente com outros elementos do grupo.
  • Depois do divertimento na piscina, é hora de dar uma espreitadela pela janela do quarto e sentir os aromas da Covilhã. É uma cidade de características próprias desde há séculos, conjugando em simultâneo factos interessantes da realidade portuguesa.
  • Era já na Idade Média uma das principais "vilas do reino", situação em seguida confirmada pelo facto de grandes figuras naturais da cidade ou dos arredores se terem tornado determinantes em todos os grandes Descobrimentos dos séculos XV e XVI. O Infante D. Henrique, conhecendo bem esta realidade, passou a ser "senhor" da Covilhã
  • A importância da Covilhã, neste período, explica-se não apenas pelo título "notável" que lhe concedeu o rei D. Sebastião como também pelas obras aqui realizadas e na região pelos reis castelhanos. A Praça do Município foi até há poucos anos, de estilo filipino.
  • A sua situação geográfica deixa-a distante de tudo e ao mesmo tempo perto. Situada na parte sudeste da Serra da Estrela. É também a cidade portuguesa mais próxima do ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre (1.993 metros), distando cerca de 20 km do cume da Serra da Estrela.
  • É hora do jantar. Aos poucos aproximamo-nos da sala de jantar. Praticamente somos os únicos a jantar. Isso deixa-nos um pouco mais a vontade. Findo este, partimos a descoberta dos espaços públicos e monumentos da cidade.
  • Com um mapita na mão, descemos a encosta até a parte mais baixa da cidade.
  • A nossa escolha caiu no jardim do lago. Aquela que é agora a maior área verde da cidade da Covilhã, o Jardim do Lago.
  • Aqui podemos saborear algumas bebidas e conviver um pouco entre nós. Como diz o ditado: «nem só de caminhar vive o homem, há que ter tempo para amar».
  • Depois de algum tempo de lazer regressamos ao hotel sem antes percorrermos algumas das ruas mais modernas da cidade.
  • O dia seguinte havia novas aventuras, e era necessário estarmos preparados para isso.
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